O velório do arquiteto Oscar Niemeyer no Rio será nesta sexta-feira no Palácio da Cidade, em Botafogo, aberto ao público de 8h às 15h. O corpo foi levado ao local depois de ser trazido de Brasília, onde havia sido velado no Palácio do Planalto, uma de suas grandes criações. Após os cariocas se despedirem de Niemeyer, o cortejo seguirá em direção ao Cemitério São João Batista. O enterro, às 17h30m, será restrito à família.
Em Brasília, nesta quinta-feira, muitos pisaram pela primeira vez no Palácio do Planalto. O velório de Niemeyer, que teve 3.800 pessoas, reuniu principalmente populares. Zeladores, domésticas, camelôs... Emocionados, aproveitavam para ver de perto um dos vários prédios desenhados por Niemeyer justamente para eles.
A sensação de Claudionor Pedro dos Santos na quinta-feira, diante do Congresso Nacional, era de que tinha perdido um amigo. Aos 76 anos de vida e 55 de Brasília, o operário aposentado conheceu Oscar Niemeyer no canteiro de obras do Congresso Nacional.
— Fiz parte da construção de Brasília, especialmente do Congresso. Eu me sinto autor disso também. Perdi um colega — resumiu Claudionor, nascido em Pilar (AL) e que chegou em 1957 ao que, três anos depois, seria a capital.
De paletó e gravata para homenagear o arquiteto, ele e outros candangos — como são chamados os primeiros a migrar para Brasília — acordaram cedo ontem. Ainda na quarta-feira, tinham alugado uma van, para receberem o corpo do arquiteto no Aeroporto Juscelino Kubitschek. Não conseguiram chegar ao Planalto, pois, no trajeto até lá, um deles passou mal com o calor e todo o grupo o levou para o hospital.
— Na obra, ele aparecia de madrugada com o presidente Juscelino, para fazer visitas.
Nessas ocasiões, lembra Claudionor, arquiteto e operários ficavam lado a lado, conversando sobre o ritmo das obras e sobre como tudo aquilo um dia seria importante para o país.
Quem também acordou cedo foi a doméstica Simone Souza, que saiu de Unaí (MG) para chegar a Brasília a tempo.
— Ainda menina, passei a apreciar o trabalho dele. É uma arte que todo mundo pode ver. Ele criava para a gente, criava para o povo.
Homenagem com monumento
No Rio, o prefeito Eduardo Paes disse que planeja uma forma de homanegar Oscar Niemeyer de uma forma especial. Em vez de apenas batizar uma escola ou outro equipamento público com o nome do arquiteto, Paes estuda fazer uma estátua em sua homenagem. A ideia ainda embrionária seria colocar a estátua na Zona Portuária, em data ainda não definida:
— Niemeyer contruiu sua carreira olhando para o futuro. A Zona Portuária é uma área que passa por um processo de renascimento pensado para os próximos anos. Há uma identidade. É uma ideia, mas ainda não sei nem onde o monumento ficaria — disse o prefeito.
O município decretou luto oficial de três dias a contar de ontem.
Houve homenagem também em Niterói. Ontem, funcionários do Museu de Arte Contemporânea (MAC) estavam de luto. Todos de preto e com uma camisa com o logotipo do museu estampado. Inaugurado em 1996, o MAC tornou-se símbolo da cidade. A localização privilegiada proporciona uma vista panorâmica da Baía de Guanabara, integrando monumentos e marcos geográficos ao seu redor, como a Fortaleza de Santa Cruz, a Ilha da Boa Viagem, o Corcovado e o Pão de Açúcar.